Vinhas e viticultura

Historicamente, a região do Vinho Verde sempre foi densamente povoada devido à fertilidade das terras. As partilhas e heranças reduziram a área de terreno por família. Esta característica distintiva mantém-se no nosso Território, Monção e Melgaço, onde as parcelas de vinha são muito pequenas e tratadas como jardins pelas famílias que, além da viticultura, têm outras ocupações profissionais e cuidam da vinha no final da jornada de trabalho e aos fins-de-semana. A nossa história é a história de uma dessas famílias que criou parcerias para toda a vida com outras famílias da região – a história de uma vinha que agora é um Território.

Clube de Produtores

A nossa ligação com a comunidade levou-nos a criar o Clube dos Produtores, unindo todos os nossos viticultores e motivando o foco na qualidade. Todas essas mãos conferem aos nossos vinhos um atributo especial e inimitável de diversidade.

O Soalheiro é a primeira marca de Alvarinho em Melgaço. Como o nosso trabalho se concentra nesta única variedade, precisamos de diferentes dimensões de uva para criar diferentes dimensões de vinhos. É por isso que o Clube dos Produtores é tão importante para nós, pois é a melhor forma de fomentar práticas vitícolas diversas com o mesmo foco: as melhores uvas, o melhor Alvarinho. Como resultado, os nossos vinhos provêm de clones variados da casta Alvarinho que melhoram a diversidade de aromas e sabores. O nosso segredo é a união de diversas formas de produção da uva Alvarinho, em diferentes solos e micro terroirs por diferentes pessoas que, por sua vez, ampliam o nosso conhecimento e o potencial desta casta.

Acima de tudo, o conceito do Clube dos Produtores é baseado na sustentabilidade social e económica da região. Com esta estratégia, o objetivo é garantir que as famílias da região transmitam a cultura, as tradições às gerações seguintes, mantendo um forte vínculo com as suas terras. O Clube de Produtores também nos permite acompanhar práticas de viticultura sustentável de todas as famílias que são nossas parceiras, sendo esta cooperação fundamental atingir os nossos requisitos de qualidade.

Vinhas Biológicas

Desde 2006 que as nossas vinhas são certificadas em agricultura biológica, iniciativa pioneira na nossa região. As uvas destas vinhas são utilizadas para produzir o Soalheiro Terramatter e o Soalheiro Nature. Até hoje, as nossas práticas vitivinícolas promovem a sustentabilidade ambiental e apoiam a biodiversidade nos ecossistemas vitícolas, não só nas nossas vinhas, mas também espalhando o mesmo espírito no nosso Clube de Produtores. Em 2021 daremos mais um grande passo, partindo do conhecimento e experiência acumulados ao longo destes anos em agricultura biológica para fazer a transição para a agricultura biodinâmica.

Sistemas de condução

Em Monção e Melgaço temos três sistemas principais de condução das nossas vinhas. O sistema de condução descendente tem a vegetação da videira voltada para baixo, o que proporciona abrigo aos cachos, permitindo apenas a exposição solar parcial. O sistema de condução ascendente, por outro lado, apresenta uma parede ascendente de vegetação, proporcionando aos cachos uma total exposição solar. O sistema de condução em “Ramada” (o mais raro) tem as folhas e a vegetação dispostas horizontalmente, deixando os cachos sem exposição solar.

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Sistema Descendente

80% das vinhas encontram-se no sistema descendente – um sistema introduzido na Região do Alvarinho e amplamente adotado. 50% da casta Loureiro, para misturar com a Alvarinho (Soalheiro ALLO), provém deste sistema e de regiões de Vinhos Verdes com influência atlântica, como o vale do Lima. A casta Loureiro apresenta sobretudo aromas de “lichia” e este terroir atlântico é perfeito. Misturamos as uvas deste sistema com as do sistema ascendente para conseguir um melhor equilíbrio de paladar com baixo teor alcoólico ao estilo do Soalheiro, mais intenso em aromas frutados e com a mineralidade que pretendemos. Uma vez que este sistema permite apenas uma exposição parcial das uvas ao sol, a degradação do perfil aromático das uvas é reduzida e conseguimos alcançar um equilíbrio perfeito entre acidez, aroma e um teor alcoólico moderado.

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Sistema Ascendente

19% das vinhas encontram-se no sistema ascendente, o sistema mais usado em todo o mundo e que pode apresentar diferentes configurações (royat, sylvoz, guyot, bilateral, etc) em que as uvas são bastante expostas ao sol e em que a redução da acidez e do aroma é mais importante. Estas uvas são usadas na mistura e na produção de vinhos em que a intensidade aromática é menos importante, como no Soalheiro Reserva. A casta Vinhão usada no Soalheiro Oppaco e a Touriga Nacional usada no Bruto Rosé provêm das nossas vinhas neste sistema. 50% da casta Loureiro, para misturar com a Alvarinho (Soalheiro ALLO), provém deste sistema. Misturamos as uvas deste sistema com as do sistema ascendente para conseguir um melhor equilíbrio de aromas com um baixo teor alcoólico.

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Sistema de Formação “Ramada” ou “Pergola” (também denominado “Parreira” em Espanha)

1% das vinhas apresentam este sistema que é muito usado na Galiza para a produção de Alvarinho. Neste sistema, as uvas têm uma menor exposição direta ao sol, o perfil aromático é de elevada intensidade na colheita e a concentração de acidez é também muito elevada. Normalmente, os vinhos destas uvas são submetidos a uma fermentação malolática, o que reduz o perfil de alteração da intensidade aromática no palato. Na Quinta de Soalheiro, estas uvas são usadas em blends e em diferentes vinhos que necessitam de um perfil malolático.